17 de agosto de 2015

Propaganda, sim por favor...

Comentem o que quiserem mas adoro o grafismo da propaganda soviética, algo que vale um torcer de nariz a várias pessoas que visitam a minha casa. Não é necessário ser puritano. Sabendo nós de antemão que a propaganda política retrata apenas uma parte selectiva da realidade, porquê repugna-la só porque não conta aquilo que não lhe convém? É como ser contra a mentira apesar de todos a praticarmos para a nossa conveniência. E se é verdade que a propaganda apenas retrata uma realidade parcial, não podemos ignorar o facto dessa realidade (ainda que por vezes pequena comparada com outros malefícios) ter existido e ter servido para fomentar uma ideia. Algo que hoje em dia a actual campanha política é incapaz de fazer, seja devido a aberrações photoshopicas copy-paste ou exercícios de tirania numérica de rigor idiota. Assim sendo, parcialidade por parcialidade, prefiro a parcialidade artística dos cartazes Soviéticos que consegue gerar ideias e fomentar sonhos; ao contrário da parcialidade puritana que só consegue gerar confusão. 

E num desses passeios, numa dessas viagens, num desses devaneios, adquiri duas belas reproduções de cartazes soviéticos enaltecendo a ciência e a literatura. Quase não existem pessoas no verdadeiro sentido da palavra, existem símbolos, não existem frases avulsas e descontextualizadas, existem ideias, não existe publicidade, existe propaganda! O primeiro cartaz retrata o poder da literatura contra tirania. O original data de 1920 pela mão de Alexei Radakov e que pode ser traduzido mais ou menos como "o conhecimento quebra as correntes da escravatura". O segundo, mais cósmico, idealiza os feitos de 59 (primeiro engenho a pousar na lua) e de 61 (primeiro humano no espaço) e pode ser traduzido um pouco como "Glória para a ciência Soviética, glória para o homem Soviético, o primeiro cosmonauta!" (não sei ano ou autor).



Que bom seria que espírito semelhante penetrasse a intragável campanha política em Portugal. Em vez de slogans ocos como "confiança", "avançar" ,"rigor" , "contar desempregados até à enésima cada decimal" blá blá blá... gostaria era de ver coisas como "Contra o desemprego? Ciência! Contra a mentira? Um livro!".

1 comentário:

Daniela disse...

Gostei deste post! Passei a gostar dos cartazes soviéticos :p e concordo que os nossos são completamente sem conteúdo...

Trans - Siberiano