1 de fevereiro de 2008

Morte e orgulho...

Ainda Sevilha...
O sol desceu à cidade logo de manhã raiando de mansinho sobre o Guadalouvir como só ele sabe fazer. O já familiar trotear dos cavalos puxando charretes amarelas e negras confundia-se com o barulho dos automóveis que passavam em frente à Plaza de toros de la Real Maestranza. Da porta principal, as altas paredes alvas curvam para a esquerda e para a direita, desenhando um círculo ilosoriamente perfeito mas que na verdade não o é devido aos sucessivos atrasos que a obra conheceu durante a sua construção. Sente-se que este não é um sítio vulgar, existe um ar pesado enquanto caminho pela porta principal a dentro. O frio das paredes graníticas baixa consideravelmente a temperatura, fazendo com que um casaco não caía nada mal.

A próxima visita guiada começa dentro de dez minutos, compro o ingresso e aguardo num corredor estreito ladeado com cadeiras de madeira pintadas de vermelho vivo. Uma das cadeiras está livre, todas as outras estão ocupadas por pessoas que esperam o inicio da visita. O silêncio é arrebatador, sei de antemão que neste espaço se matam animais e que homens são levados em ombros por tal feito. Apesar de a época tauromáquica ainda não ter começado sente-se já a tensão da nova época que se avizinha (começa em Março salvo erro).

Depois de meia volta à pista e algumas informações entramos num pequeno mas muito completo museu. Ali encontramos a história da arte tauromáquicado século XVIII até aos nossos dias. Foi aqui que comecei a tentar dar resposta ao pensamento que me trouxe até aqui. Esta visita tinha como objectivo tentar compreender afinal se a tradição da tourada deve ser preservada ou se os movimentos de defesa dos animais têm razão em querer ver a sua prática abolida.

Ouço atentamente a guia, interpelo-a várias vezes pois quero retirar toda a informação possível para esclarecer a minha dúvida. Vejo cabeças de touros penduradas como troféus, grandes quadros de toureiros que marcaram o seu tempo, estátuas e outros objectos invocativos da arte tauromáquica. Ao fim de 45 minutos saio para a rua onde o barulho diminuiu claramente visto estarmos em cima da hora para o almoço.

Enquanto me dirijo para a pousada penso...
Tourada, sim ou não?

(Continua)

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