9 de julho de 2008

Paris2

A minha caneta repousa finalmente após tomar nota da última tarefa que o PIK terá de entregar daqui a quatro meses. A reunião no último dia foi longa e já esgotei a paciência para ouvir mais uma palavra que esteja relacionada com vulnerabilidade ou resiliência.

Arrumo toda a papelada na mochila e corro para o hotel. Pelo caminho consulto o mapa de Paris bem como o mapa das estações de metro, faço cruzes nos locais que pretendo visitar e escolho a melhor maneira de lá chegar. Chegado ao hotel visto os calções uma t-shirt e uma camisa, as sapatilhas regressam e os sapatos são atirados para o canto do quarto. Confiro os bolsos, dinheiro, mapas, máquina fotográfica, bloco de notas e lápis. Chave do quarto no bolso da camisa, bato a porta, corro para o hall de entrada, a porta abre-se e eu saio...


Os sons inundam-me repentinamente, os carros, as pessoas, o metro. Procuro no mapa o primeiro destino, Louvre. O sistema de metro não é muito simples e demoro algum tempo a habituar-me à simbologia, no entanto, chego ao museu em apenas vinte minutos, mesmo a tempo do pôr-do-sol. Sentado do átrio do palácio do Louvre entre o rio Sena e a Rue de Tivoli vejo o sol desaparecer timidamente por de trás da famosa pirâmide projectada por I. M. Pei. As sombras e a pálida luz percorrem de mãos dadas as arcadas do edifício. Alguns adolescentes patinam à minha frente, rolando sobre pedras outrora pisadas por Luis XIV antes de abandonar o Louvre como sede do governo monárquico.

Levanto-me, sacudo os calções, ouço uma guitarra tocar ao fundo. Sigo o som e dou por mim debaixo de um dos acessos que faz a ligação entre o átrio central e a Rue de TIvoli. Dois homens tocam na sombra de uma pilar adornado na base com mármore rosa. Tocam uma música que não conheço, ainda assim fico imóvel por alguns minutos a ouvir e depois deixo cair duas moedas. Um deles toca guitarra, o outro contra-baixo, o som ecoa nas paredes centenárias entra na minha cabeça e acompanha-me no resto da viagem pelo Axe Historique.


O rio Sena está hoje mais calmo, talvez seja da noite quente, talvez seja do meu cansaço. Não sei a origem desta calma que aparentemente toca tudo e todos neste jardim em frente à catedral de Notre Dame. Quero entrar, mas a confusão ainda é muita, os turistas ainda povoam o mármore da catedral e espero até as coisas ficarem mais calmas. Enquanto isso sento-me nos banco e esboço a fachada...

1 comentário:

miranda disse...

Hummmmmm.....que inveja....
Muitos beijinhos

Trans - Siberiano