10 de julho de 2008

Paris3

Acordo por volta das 9 por causa do serviço de quartos pois esqueci-me de colocar a indicação na porta para não ser incomodado. Ao ver que está gente no quarto a empregada vai embora e eu regresso a um sono leve.

A noite passada foi exaustiva, o passeio pelo rio no regresso ao hotel deixo-me completamente sem força. O encontro com a Scira e o Giusepe (colegas Italianos que também participaram na reunião) no café Sena durou até às 3 da manha onde conversamos sobre tudo e mais alguma coisa. Política, arte, arquitectura, livros... De algum modo senti-me bem no meio dos dois recentes amigos, uma arquitecta e um engenheiro de estruturas com uma visão caricata sobre Paris, sobre as gentes e sobre a sua cultura. De facto, a comunicação com os Italianos é sempre bem mais fácil e a sua abertura tem pouco a ver com a resistência que os colegas alemães por vezes impõem.

Tento não me esquecer de nada enquanto faço a mala. Como comprei algumas coisas o espaço na mala parece agora mais pequeno, ainda assim, com boa mestria Portuguesa, consigo desafiar as leis da física e guardar tudo para a partida. Olho o mapa pela última vez, sei exactamente para onde ir, não tenho muito tempo de sobra nesta cidade, é agora tempo de visitar um dos seus principais cartões de visita.

As pessoas alinham-se em enormes filas por debaixo dos quatro pilares da torre Eifel enquanto corro até ao pilar sul. O pilar sul não tem elevador, a fila é cerca de um terço das restantes e apenas tenho de esperar meia hora até conseguir o meu bilhete. Vou subir até ao segundo piso, vou pelas escadas seguindo o conselho da Scira. Sendo ela arquitecta explicou-me que a maioria das pessoas não aprecia a torre em si mas a vista sobre Paris que se pode ver do topo. No entanto, o objectivo deve ser "apreciar a estrutura".


Segundo ela, Gustave Eifel projectou a torre em ferro mas do ponto de vista estético esta parece construida em madeira, uma presença pesada. Na verdade Eifel não necessitava de usar tantas barras de metal, a estrutura seria igualmente estável com menos material, no entanto ele optou por incluir mais ferro de modo a garantir o efeito de uma construção presente e pesada, tal como o material de que é feito. Segundo Scira, os arquitectos de hoje em dia não tomam esta abordagem e tentam fazer com que as construções de aço e ferro tenham uma arquitectura leve, Calatrava é um bom exemplo.


A subia é cansativa mas vale a pena. Já sentado no primeiro piso peço o meu pequeno almoço e como o croissant mais caro da minha vida a uma altitude de 95 metros. Depois de repousar um pouco continuo a subida, admiro a torre em si antes sequer de apreciar a vista. As barras de ferro vão se entre-cruzando deixando por vezes pedaços de céu a descoberto. A luz passa por entre as barras, parece filtrada, refinada, fria... Chego ao segundo piso e posso por fim olhar para Paris como um todo. Identifico os locais que visitei, olho pela última vez os Champs Elysees onde por esta altura a Scira deve andar a fazer compras. Olho ao longe o local onde tive a reunião, o Giusepe ainda deve lá passar hoje outra vez.

Olho o relógio, está na hora, olho pela última vez Paris. Não sei quando vou cá voltar visto que a próxima reunião é em Roma, mas o desejo fica bem presente. Desço as escadas que agora parecem mais longas, corro para o comboio em direcção a Orly. Digo adeus a Paris, uma bela experiência num curto espaço de tempo.

Au revoir

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