4 de janeiro de 2007

À conversa com o Dav...

Ora bem, uma das vantagens de esperar no aeroporto de Stansted é a possibilidade de se encontrar pessoas de toda e qualquer parte do Mundo. E perguntam vocês… quem é o Dav?

Ora bem, estava eu muito sossegado a tentar isolar-me daquela confusão toda que se vive no aeroporto quando ouço uma voz a perguntar-me em Inglês… Também perdeu o voo?
Eu respondi que não, apenas estava à espera do voo de ligação que me ia levar até Berlim. Sem perceber muito bem a curiosa personagem senta-se ao meu lado e começa a conversar comigo sobre tudo e mais alguma coisa. Começa por me contar que ia visitar um tio na Suiça mas que perdeu o voo e que agora tinha de esperar 15 horas pelo próximo, como ia ter muito tempo decidiu arranjar alguém para conversar e como eu lhe pareci simpático começou a falar comigo.

Eu achei tudo muito estranho mas como não queria ser mal educado decidi tentar saber mais sobre o tal personagem. Vim a saber que se chama Dav, trabalha num centro comercial e estuda Teologia numa Universidade de Londres o seu País de origem é, imaginem só, Sri Lanka… O mais engraçado é que o Dav nasceu no dia 25 de Dezembro e no dialecto Tamil (minoria à qual o Dav pertence) Dav quer dizer, imaginem só, Deus…

Depois seguiu-se uma interessante descoberta de um Pais que desconhecia por completo (só sabia que ficava pós lados da Índia). Dav falou-me da eminência de guerra civil que se vive no País, ao que parece existe uma facção rebelde no norte que pretende a independência, falou-me da fuga da sua família para o sul, dos seus planos em voltar ao Sri Lanka e construir uma casa digna para seus pais, contou-me também como é difícil a vida quando se pertence simultaneamente a uma minoria religiosa (Cristã) e étnica (Tamil) num país maioritariamente Budista. O mais curioso foi quando me falou das três raparigas que seus pais arranjaram para ele no Sri Lanka e que quando voltar terá de escolher uma para casar, segundo Dav, apesar de este tipo de casamentos combinados ser um costume em desuso no Sri Lanka ainda existem certas regiões onde esta tradição é muito forte…

Após uma hora de conversa apercebi-me que por muito bom que seja um livro de história nunca ninguém conseguirá dar um tão real retrato do Sri Lanka como o seu próprio povo… Depois da conversa estava na hora de eu partir, desejei-lhe as melhores felicidades para ele, para os seus pais, para as suas três irmãs, catorze tios e oito sobrinhos e é claro para as suas três noivas… Como não podia deixar de ser tive de tirar uma fotografia para a posteridade, não sei se tão cedo volto a falar com alguém do Sri Lanka…

2 comentários:

Sofia disse...

Já viste que sorte a dele...

Três mulheres à espera dele, não é muita fruta para a carruagem?

Ainda bem que nasci em Portugal e que posso fazer o que quero e com quem quero, com regras, claro! Não imagino o que é ter o destino premeditado pelos pais... mas pronto nem todas as culturas têm as mesmas regras.

:-)

Anónimo disse...

Ganda maluco!!!
Falaste com Deus, Deus tem 3 noivas...e vai ter de escolher;)

Abraço e bom ano de 2007

Vitor Bruno

Trans - Siberiano