Dvoynik, em Português, o "Duplo", é um romance do grande Fyodor Dostoyevesky. O enredo é simples e brilhante. Um funcionário estatal mediano de nome Golyadkin encontra, certo dia, uma pessoa que é exactamente igual a ele próprio em termos físicos mas diametralmente oposta nos níveis de confiança, coragem e iniciativa. Ao inicio Golyadkin forga uma amizade com o seu "duplo", mas depressa a amizade desvanece assim que Golyadkin Jr., nome pelo qual Dostoyevesky trata o duplo, tenta "roubar" a vida de Golyadkin. Golyadkin Jr. possui charme e destreza, sendo por isso adorado, quer por colegas, quer pela sociedade. Usurpa o trabalho do seu original e usa-o para cair nas boas graças do seu chefe. Aos poucos Golyadkin Jr. vai conspirando contra o Golyadkin original, até que este último perde a noção da realidade, enlouquece, e termina internado num hospício.
Existem várias maneiras de interpretar o "Duplo": um simples relato de um homem que enlouquece; uma fábula da individualidade esmagada pela burocracia; ou então, mais provocante, a ideia de que a vontade humana na sua busca pela liberdade de expressão, torna-se, de facto, uma força destrutiva. Assim defende Victor Terras. Apesar de o "Duplo" pertencer à fase mais jovem de Dostoyevesky, pode ser ser encontrado no livro muitos dos elementos que viram mais tarde a caracterizar a escrita do grande homem. A que eu mais gosto é a perpétua provocação que Dostoyevesky inflige no leitor, ora fazendo-o crer que o duplo de Golyadkin é real, ora destruindo a ilusão abruptamente. Mais um livro no caminho do meu objectivo de 2015, ler todos os livros de referência de Dostoyevesky.
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