Primeiro os números totais. O partido de direita CDU/CSU arrecadou 41.4% dos votos nas eleições federais que tiveram lugar no passado domingo. Uma percentagem que transporta o partido até à fronteira da maioria absoluta, ficando apenas a 5 assentos do controlo solitário do Reichstag. Quanto aos restantes partidos o SPD ficou com 25.7%, Die Linke 8.6%, Os Verdes 8.4%, o FDP com 4.8%, a AfD 4.7% e o partido Pirata com 2.2%. O acontecimento mais importante da noite foi o facto de o partido liberal FPD não conseguir votos suficientes (5%) para entrar no parlamento. Isto coloca a CDU/CSU numa encruzilhada. Na verdade a quase-maioria é um presente agridoce para a actual chanceler. Impossibilitada a tradicional coligação CDU-FDP, a direita Alemã tem agora duas possibilidades. A primeira é governar sozinha, esperando que a oposição não se entenda nas matérias e haja dispersão de votos à esquerda. A segunda é buscar uma coligação com um dos partidos com assento parlamentar. Aqui o cenário não é simples. Na noite passada todos os partidos da oposição se mostraram desfavoráveis a uma coligação com a CDU. Uma coligação composta pelos Verdes, SPD e Linke seria suficiente para garantir uma magra maioria de 319 lugares. Tal cenário não parece muito provável conhecidas que são as assimetrias entre SPD e Linke.
Em termos territoriais como se comportou o eleitorado Alemão em relação ás eleições de 2009? O mapa mostra o partido mais votado na eleições de 2009 (direita) e 2013 (esquerda). Eu acrescentei a antiga fronteira da RDA (a verde e a olho, por isso agradeço que apontem possíveis erros) pois ainda existem algumas características sócio-económicas que definem essa região e se reflectem na altura de votar. De notar ainda que o mapa mostra área territorial na qual certo partido saiu
vencedor mas nada diz sobre o número total de eleitores nessa área. A CDU/CSU expandiu o seu domínio territorial na antiga RDA. O partido Die Linke (roxo), que em 2009 conseguia fazer frente quer ao SDP (vermelho) quer à CDU/CSU (preto), perde grande da sua base de apoio - se bem que consegue manter a parte Leste de Berlim sob a sua influência. As perdas territoriais do SPD são menores, basicamente o SPD vence nas mesmas regiões onde venceu em 2009. Fica assim demonstrado onde o seu eleitorado fiel mora. Em termos de votos o SPD consegue até melhorar a prestação de 2009 por 2.7%, uma magra consolação. Interessante notar que a cidade de Berlim exibe numa era de democracia a sua característica divisão política de outrora. A Leste predomina o partido Die Linke com algum Verde à mistura, na zona Ocidental predomina a CDU/CSU. De notar que o SDP perde para a CDU/CSU as regiões de Berlin-Mitte e Neukoelln ganhas em 2009. Se interpretarmos o SPD como um partido da esquerda moderada, o seu "desaparecimento" de Berlim indica que a divisão política na cidade aumentou de 2009 para 2013? Fica a sugestão...
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