22 de setembro de 2014

400, um número que nos define...

No meio do oceano pacífico, distante de qualquer foco de poluição, a estação de Mauna Loa monitoriza desde 1958 a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. No passado mês de Abril de 2014, o valor atmosférico de CO2 ultrapassou as 400 partes por milhão em volume (ppmv). Para encontrarmos valores de CO2 superiores na história geológica da terra temos que recuar mais que 800.000 anos no tempo. Desde que começamos a caminhar a terra como Homo sapiens, nunca a nossa espécie presenciou níveis de CO2 tão elevados. Quando a nossa espécie começou a desenvolver a agricultura, os níveis de CO2 não ultrapassavam os 280ppmv. Como será a agricultura num mundo acima dos 400ppmv de CO2? Com níveis de CO2 a metade (200 ppmv) dos actuais a vida na terra não seria doce. As calotes polares estenderiam-se até Londres e Berlim e o nível do mar baixaria cerca de 100 metros. Como serão pois as nossas cidades num mundo de 500 ppmv de CO2? Com base na relação histórica entre clima e CO2 podemos hoje inferir, até especular, sobre o que o futuro nos reserva.


Uma coisa é porém certa. Até Abril deste ano habitámos num planeta cuja concentração de CO2 era crescente mas dentro de um intervalo "experimentado" pelos nossos antepassados mais remotos. O ser humano está, pelas suas próprias acções e consciência, a alterar a época geológica em que vive. No momento em que passamos de espectadores para mestres e senhores do nosso clima impõem-se a seguinte pergunta; Será que estamos preparados para responder ás consequências dos nossos próprios actos?

Sem comentários:

Trans - Siberiano