18 de dezembro de 2011

De Bach a Verne via Jerusalém...

Que acordar mais madrugador... Parece que a noite nem sequer se materializou na minha janela e já a luz teima em fitar as cortina do quarto. A luz é bastante ténue, fraca, pálida de cor cinza Inverno. São sete da manhã na terra onde Bach dorme eternamente.

Já acordado estico os braços em direcção ao tecto tentando, quem sabe, ser homem elástico e tocar o candeeiro estilo Ikea que adorna a sonolência estilística do meu quarto. Em vez de preparar a discussão para a sessão da manhã decido em vez ir dar uma volta pela cidade. Enquanto aperto os sapatos sou tentado a ligar a televisão, esse objecto agora estranho que só dá notícias que ninguém entende mas todos comentam. A tentação diminui quando olho o relógio e vejo que só tenho 45 minutos de modo a chegar a tempo ao segundo dia do encontro.

Já no exterior, decido vaguear sem rumo. Vou até à Thomaskirche, sigo pela Gottschedestrasse até espreitar o café Luise, sigo para oeste até deparar com uma loja de música onde um grand piano (o rei dos instrumentos) me saúda com um sorriso de 88 teclas e um "olá" de três oitavas. Dentro da loja um homem está ocupado a limpa o pó à infantaria de violinos alinhados de acordo com o seu tamanho. Descubro no fundo da loja três violoncelos no que parece ser um funeral. Dois estão inclinados sob uma cadeira em triste pranto pelo terceiro que se encontra no chão, deitado num caixão preto ainda entre-aberto. O homem da loja acaba de limpar o pó e repara que eu estou à janela. Assim que ele se aproxima eu parto.


Já quase sem tempo para vaguear eis que deparo com uma loja de livros usados. Ainda não são oito da manhã mas já está aberta! Dou uma vista de olhos pela montra e descubro vários livros de Jules Verne (facilmente um dos meus autores preferidos). Entro, compro dois livros e um mapa de Jerusalém que data de 1880. Um dos livros que comprei foi o "Cinco semanas de balão", impresso na DDR em 1975 pela editora Verlag Neues Leben e muito bem ilustrado.

Quanto ao mapa duvido que tenha a idade que vem indicada. O papel parece muito moderno e o preço foi muito reduzido. O trabalho original data de 1859 e foi desenhado por W.M. Thomson. No entanto, ao comparar a minha edição com o original reparei que o bairro Arménio (parte sudoeste da cidade) está bem melhor representado no exemplar que adquiri, em particular os jardins do convento. Assim sendo a compra nem foi má.


Já com o tempo e os bolsos esgotados retomo o meu caminho para o hotel. Arrumo tudo na mochila, deixo a minha chave no entrada e despeço-me da empregada da recepção. Já a caminho do UFZ deixo-me levar pelas imagens de aventuras e mapas por explorar. Afinal de contas, vai ser só mais um aborrecido dia de perguntas e respostas ao sabor de um café sem substância enfeitado por cartões de visita de alma efémera.

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