11 de janeiro de 2011

A falta de classe da banana azul

Em 1944 Lauren Bacall perpetuava para a posteridade um acender de cigarro que ira encantar a América dentro e fora do silver screen. Pura classe a preto e branco desde o corte do fato ao penteado impossível. Assim eram Lauren e Bogart no filme "Ter e não ter".


Os tempos hoje são muito diferente. A classe foi substituída pela pseudo-lógica de mercado e o preto e branco por um amorfo azul-Europa. Passo a explicar.
Todos os dias paira em Portugal a sombra da entrada do FMI com os líderes da Alemanha e França (e outros) a proporem que Portugal recorra de imediato à ajuda. Pergunto eu pois se este apelo e movimentações de bastidores dos nossos amigos da banana azul tem algum sentido. Numa lógica de mercado a entrada do FMI em Portugal não tem sentido. O Problema de Portugal (e que toda a gente sabe) não é de dinheiro, é de gestão. A entrada do FMI pouco alteraria a meu ver o modo de como a gestão seria feita. Os problemas estruturais não se resolvem à força com entrada de capital ou compra de dívida. Os mercados sabem de antemão que não é de um dia para o outro que Portugal retoma o seu crescimento, aliás, não será nem nos próximos 3 ou 4 anos. Isto qualquer um sabe ver.


Perante isto existem duas situações que me espantam e uma que me alegra. A primeira é, como foi bem apontado pelo Presidente da Comissão Durão Barroso, a falta de visão nas palavras dos líderes Europeus quanto à situação em Portugal. Como pode economia tão marginal como a nossa que se arrasta e endivida desde 2003 (pelo menos) merecer agora tão alta preocupação?
A minha perspectiva de união deve ser muito diferente daquela que está em vigor lá para os lados da torre Eifel e Berlin. Para mim numa união os maiores devem ter mais poder e, como é óbvio, mais responsabilidade. Não se pode deter a maioria dos votos para passar leis comuns e depois proceder a uma des-responsabilização quando a situação é particular. As palavras dos lideres Europeus apelando ao FMI ou à ajuda externa da UE soam a penso-rápido em fractura exposta, pior, fazem-me duvidar seriamente de segundas intenções em tais declarações. A segunda coisa que me espanta é o papel da comunicação social. Aqui não merecem ser tecidas grandes declarações tal a falta de objectividade com que os telejornais tratam o assunto. A meu ver o grande problema dos media neste respeito continua a ser só um: continuar a dar aos Portugueses o que eles querem ver.

No meio disto tudo a coisa que até me alegrou foram as declarações do primeiro ministro José Sócrates esta tarde. Apesar de não compartilhar de muitas acções do seu executivo, pelo menos desta vez ele veio tentar fazer aquilo que melhor sabe: lançar a ideia de que tudo está controlado. Só que desta vez fê-lo para o exterior, numa tentativa (talvez desesperada mas com classe) de repor a confiança em Portugal. Irá resultar? Não sei. Mas mesmo que não resulte tenho que aplaudir a acção. Porque no Mundo das finanças o que conta muitas da vezes é a especulação e não o concreto, e não faz mal nenhum ter alguma especulação a nosso favor...

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