22 de fevereiro de 2010

Diários de Israel - Gatos e um quarto pequeno

Caminho pela Gordon street em busca do número 17. Para trás ficou a estação HaShalom com os seus três pisos, centro comercial e uma multidão de jovens espreitando as montras pejadas de imediatismos.
Depois de abandonar a confusão comercial a cidade revela-se tranquila e agradável. As ruas não se apresentam claustrofóbicas, as pessoas são simpáticas (tive de pedir direcções por duas vezes) e os gatos parecem serem reis e senhores entre os animais de estimação. Só de passagem contei quatro. Pendurados em árvores ou escondidos nos muros, vão espreitando curiosamente quem passa.


Subo um pequeno lance de escadas. Um tolde verde deixa-se abanar suavemente pelo vento enquanto que na sua sombra um gato (outro) adormece encostado a um vaso. A porta está aberta. Quando levando o olhar noto que uma figura olha para mim. Pergunta-me o nome e pede o meu passaporte. Com as chaves na mão pergunto ao recepcionista por um local onde almoçar depois de subir para o meu quarto e pousar a mochila. Uma esplanada de preferência, acrescento...


Finalmente o Mediterrâneo entra pelos meus olhos dentro. Os azuis celeste e marinho competem pela atenção das pessoas que passam enquanto que cabisbaixos farrapos de nuvens se retiram para lugar incerto. O ar salgado apresenta-se revigorante, os sentidos estão atentos, a luz é rebelde e liberta os meus olhos da cinzenta prisão invernal imposta pela latitude Germânica. Estico os braços sem reparar na empregada que se aproxima com o meu pedido. Por pouco não provoco um acidente. Peço desculpa rapidamente e pergunto se Fevereiro costuma ser assim tão quente. Ela responde que este é o primeiro dia de calor a sério, durante a semana passada esteve muito frio, "cerca de dez graus", acrescenta. Realmente tudo neste Mundo é relativo...
Deixo uma considerável gorjeta na mesa antes de partir à descoberta das poucas horas de luz reservadas para este dia.


Vigilantes e fugazes, os felinos de Tel Aviv vão brincando com os meus passos. Escondem-se quando me aproximo, alguns ficam imóveis, vaidosos, diria eu. Tento fotografar alguns mas poucos me dão o gozo da imagem. Na solidão de um rocha à beira mar deparo com um individuo vestido de preto, que olha o Mediterrâneo. É um ultra-ortodoxo, personagens comuns por estas paragens. Sem dar por isso um gato deixa o seu abrigo na sombra das rochas e junta-se à composição. Sem hesitar obtenho a imagem que tanto procurava.



De volta ao meu quarto apercebo-me de como é pequeno. Não se pode pedir muito mais por apenas 120 Shekels por noite. Ligo a TV e coloco duas garrafas de água no frigorífico juntamente com algumas maças que comprei no mercado. Lá fora a cidade teima em não dormir, cá dentro sou embalado por imagens de vulcões e plumas de fumo, cortesia do National Geographic.

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Trans - Siberiano