21 de julho de 2008

Castelos na areia...


O que leva o Homem a construir castelos? Fortificações, muros, paredes a perder de vista, torres mais altas que o seu ser? O que leva o Homem a acorrentar rios, ferir montanhas, domar ventos? O que leva o Homem a arquitectar pirâmides, colossos de Rodes ou faróis de Alexandria? O que leva o Homem a domesticar tempestades, manipular vida, construir morte?

Hoje sonhei com castelos de areia, frágeis e efémeros, construídos por crianças, sem cálculos, sem planos ou maquetes. Construídos com areia humedecida, sem titânio vidro ou aço. Depois acordei. O sol estava escondido por espessas nuvens cinza carregado, o vento fazia tremer as folhas das árvores entrando sem pedir licença pelo meu quarto dentro quando abri a janela. Ao sair para a rua o meu olhar parou num edifício da rua em frente, o edifício não é nada de especial, diria até monótono.

Pensei que não existe grande diferença entre este triste edifício e os castelos de areia que fazemos na praia enquanto crianças. Aliás, cheguei à conclusão que não existe grande diferença entre todas as grandes construções arquitectadas pelo Homem e os pequenos castelos de areia feitos por petizes. Cheguei à conclusão que todos os grandes arquitectos Mundiais, com os seus computadores, equipas de design e modelos à escala, são batidos de longe por crianças com um balde e uma pá... A razão, a razão é muito simples...

Para uma criança, apesar de o seu castelo não medir mais que 30 cm, este é mais alto que as nuvens, mais forte que a muralha da China, mais belo que o Taj Mahal. Não interessa quanto tempo as ondas vão demorar a derrubar o castelo, para uma criança será sempre uma eternidade. Cheguei à conclusão que as crianças constroem sonhos na forma de castelos, pois elas nunca vêm o castelo tal como ele é na realidade. Por outro lado, os pobres arquitectos constroem apenas aquilo que na sua ignorância lhes parece ser bonito, funcional ou adequado ao espaço. Não constroem sonhos, constroem coisas.

Nenhum sonho é eterno, tal como os castelos de areia das crianças. Os sonhos são só para quem os sonhou (ver o blog viajando-me), é por isso que as crianças são invejosas com os seus castelos. Por outro lado os arquitectos oferecem as suas criações a terceiros, a empresas, a dinheiro... Um sonho não se vende.

A chuva continua a cair, vai ser uma semana triste penso eu. Sem castelos de areia...

Abraços

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