
Perguntaram-me um dia no PIK.
Luís onde achas que devemos publicar isto? (na altura um artigo sobre incêndios florestais)
Eu, um pouco farto de certas falsidades e auto-elevações a que já me acostumei neste meio respondi:
Gostava de publicar este artigo num daqueles calendários com mulheres semi-nuas que podemos encontram nos quartéis dos bombeiros.
O silêncio foi total, por momentos não percebi se tinham levado a mal ou não. Depois acabaram por sorrir, a reunião acabou uns minutos mais tarde e eu fui para casa.
Pensei até que ponto tudo isto interessa. A ciência como ferramenta, emprego, visão ou simplesmente dinheiro. Existe um certo romantismo nesta vida, as viagens, as teorias que se refutam e aceitam e o querer fazer a diferença... Mas e o resto? O resto que aqui (ciência) se chama resto e que na verdade é o tudo. Escrevo só agora porque na altura não me dei sequer ao trabalho de pensar e reflectir em como a ciência é estupidamente simples e o resto é tão estupidamente complicado.
Vejamos algo muito simples. Uma fotografia arrancada das catacumbas do CERN.

Agora vejamos uma outra imagem, as 95 teses de Martin Luther onde desafia os ensinamentos da Igreja na natureza da penitência, a autoridade do papa e da utilidade das indulgências. Para redigir este texto não foram necessários terabites de informação ou processadores de última geração, apenas foi preciso um homem e uma mente.

Quero sentir que podemos provocar uma grande reacção através de acções pequenas. Não me agrada os formalismos elevados ao quadrado que se vive em muitos dos ambientes científicos, quero ser pessoal e pautar as minhas acções pela pequenez de escala e abrangência utópica da sua reacção, quero ser um Transmontano saloio num País organizado em torno da eficácia.
Nas nossas acções medimos as futuras reacções, no entanto, isto soa muito a ciência. Proponho não pensar mais nas consequências das minhas acções por uma semana e fazer o que bem entender. Depois verei o que aprendi, sim, porque vou sempre aprender.
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