26 de maio de 2008

As pessoas não gostam do silêncio

Monet
'Le Train dans la Neige'


Ontem li que as pessoas não gostam do silêncio porque no silêncio são "obrigadas a se suportar a si próprias". Assim sendo buscamos ruído, o ruído dos outros, o ruído dos amigos, dos conhecidos das coisas. No silêncio divagamos para além deste Mundo terreno, partimos para um lugar mais respirável feito de ambições e desejos. Planeamos e inventamos histórias, damos por nós a reformular vãs esperanças uma e outra vez mas sem encontrar grandes soluções, tal como as equações da escola que muitas vezes não conseguíamos resolver por mais leis do anulamento do produto ou casos notáveis que pudéssemos aplicar.

O silêncio desdobra-nos em muitos "nós". Um que quer ir, outro que quer ficar, outro que não sabe se tem a certeza de ir e outro que está convicto que não quer ficar. O silêncio faz-nos descobrir a nossa indefinição, sentimos-nos atados a nós mesmos flutuando inconsistentemente num oceano feito de "talvezes". Quebrar o silêncio não é fácil, podemos, por vezes, escutar algum "ruído", mas é sempre provisório, temporal. Quebrar o silêncio não é fácil, diria até impossível, é tão irreal como a busca da felicidade. Precisamos do silêncio e precisamos da infelicidade, pois um não sobrevive sem o outro e nós não sobrevivemos sem os dois.

Abraços

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PS: Dica do Paulinho...
"Depressing things are empty beds and lonely dinners"

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