Quatro da tarde...
Temos tempo?
Sim, só fecha às oito...
Sem dar por isso dei por mim embrulhado na confusão natalícia. As pessoas caminhavam num ritual lento e compassado, de como quem já lá tinha estado antes. Corpos agasalhados com espessos casacos amontoavam-se à minha frente, faziam fila nesta ou naquela barraca sempre com boa disposição e um sorriso na face. No barulho de fundo desse fim de tarde gelado ouvia palavras familiares vindas de boas estranhas, os pregões são inexistentes, mas os produtos vendem-se bem. Avançamos ao sabor dos outros e a cidade parece que encolheu.
A fome atropelava-me o estômago, tínhamos de parar.
Pode ser já aqui... O cheiro a carne assada ia inundando a vontade...
Quantas?
Para já podem ser duas...
Duas só? Mas vocês são quatro...
Exacto.. Duas para cada um...
Alles kla...
Iam fumegando a bom ritmo. Cada hábil viradela da tenaz revelava as marcas da grelha tatuadas no manjar que se anunciava... Sabia o que fazia, notava-se nos seus movimentos a experiência de várias noites frias passadas em frente ao inferno privado de Vulcano que ele próprio acendera . Era um bailado de arregalar a vista... Duas, quatro, seis, oito, estão prontas...
Conversas atiradas ao ar e apanhadas aqui e ali por cruzares inesperados compunham a banda sonora do caminho. As árvores, despidas de folhas e trajadas de watts, iam baloiçando ao sabor da brisa gelada que vinha entrando rua a cima sem pedia licença, atropelava tudo e todos sem o mínimo cuidado, nem sequer um perdão ocasional era sussurrado...
Conversas atiradas ao ar e apanhadas aqui e ali por cruzares inesperados compunham a banda sonora do caminho. As árvores, despidas de folhas e trajadas de watts, iam baloiçando ao sabor da brisa gelada que vinha entrando rua a cima sem pedia licença, atropelava tudo e todos sem o mínimo cuidado, nem sequer um perdão ocasional era sussurrado...
Quando esculpiam pereciam mágicos... Arrancavam lascas mortas a pedaços de madeira toscos. Cada sopro, qual passe de mágica, revelava na medeira exposta a complexidade da forma que haviam imaginado. Só eles sabiam que vida ia nascer do estéril lenho. Quanto a nós... bem, nós observávamos com ar de ignorantes os precisos movimentos daqueles que com a sua mestria nos iam mostrando o poder da sabedoria popular...
É tarde... vai fechar....
Vamos andando...
Olha a nossa sorte! Ainda está aberto...
Olá de novo...
Olá... era mais duas... mais duas para cada um...
1 comentário:
Aproveita bem uma das mais bonitas e tradicionais festas alemãs; com todos estes pormenores quase que sinto o cheiro do "Glühwein" que é possivel encontrar em todos os "Weihnachstmarkt" do País.
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