E quando a noite chega..

O dia terminou, igual a tantos outros... O frio acompanha-me durante o meu caminho para casa, sempre ao meu lado, sempre silencioso... Com o casaco apertado até cima caminho pelo atalho do parque, de olhos sempre no chão, sei que já ninguém anda por estes lados a estas horas...

Tudo é negro e mal consigo ver o trilho que atravessa a relva. Sons nocturnos povoam a atmosfera semi-selvagem deste recanto natural no meio da cidade. Finalmente a luz aparece vinda do fundo do parque, uma corrente de ar quente que sobe em espiral em direcção ao céu...

Iluminaram o Palácio, parece que arde com o bailar do ar quente que paira por cima dos holofotes. Sento-me ao lado de um. Está quente, fico imóvel a contemplar o edifício, imaginando tempos passados. Tempos de reis e princesas, banquetes à luz das velas, valsas inebriantes em salões perfumados de jasmim. Vestidos compridos bordados a ouro, cabelos louros ondulando num mar de musica transparente, iguarias de outros Mundos servidas em prata e porcelana...

Tudo é lindo, tudo é quente,
Um sonho dormente e alado.
Padece e não volta,
E assim vou vivendo, sonhando acordado...