Quase todos os dias leio, num qualquer mural de um qualquer conhecido de uma qualquer rede social, espasmos sobre a compreensão do que é a felicidade. Sempre que vasculho, numa qualquer prateleira de uma qualquer livraria num qualquer sábado chuvoso, assaltam-me manuais de auto-ajuda que prometem a felicidade em 10 (porquê sempre 10!) passos. Pergunto-me o porquê dessa obsessão humana com a felicidade, quando esta não passa de um efémero estado bioquímico que o nosso cérebro visita quando bem lhe apetece. A importância da felicidade é sobre-avaliada, na medida em que a sua busca apenas nos distrai daquilo que é verdadeiramente importante, ou seja, como fazer uso da nossa infelicidade para o proveito de todos. E porquê? Porque a ideia de sermos felizes é infinitamente pequena quando comparada com a ideia de diminuir a infelicidade do outro. Infelizmente é impossível combinar as duas ideias, uma vez que aquele que é feliz não pode compreender a infelicidade do seu vizinho.
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