Tenho por hábito fotografar toda e qualquer manifestação cartográfica por onde passo. Por vezes sou apanhado de surpresa com a descoberta de objectos curiosos. Desta vez a surpresa veio do interior de um edifício ministerial Alemão.
Após duas horas de discussão aborrecido num dos workshops promovidos pelo programa CIRCLE2, eis que as portas mágicas para a pausa se abrem. Num dos corredores imaculadamente forrados a design moderno e frio são servidos cafés e pseudo-comida em miniatura. Só duas coisas me mantêm acordado, o timbre Italiano e alegre de um dos participantes e um imponente globo que, apesar de estático, gira na minha cabeça e me faz avançar, magneticamente, na sua direcção.
A peça é a fantástica. O seu diâmetro ultrapassa certamente 1 metro. O seu peso deve ser imenso, uma vez que para fazer girar o globo é preciso aplicar uma generosa dose de vontade. O dourado dos continentes e o azul dos corpos de água combinam na perfeição. Não existe delineação de fronteiras nem informação sobre a elevação da superfície. As única características assinaladas são rios e cidades. A delineação dos rios feita a baixo relevo sem nenhuma menção ao nome. A localização das cidades é feita com pontos vermelhos e o seu nome escrito em pequenas placas de metal.
Em contradição com o que costuma ser a regra por estes lados, não descobri nenhuma informação sobre o artista/instituição/companhia que concebeu o globo nem o ano em que este foi construído. Algo que me deixou bastante triste. O globo deve no entanto ser anterior à década de 90, uma vez que algumas cidades da Federação Russa ainda apresentam a sua nomenclatura Soviética. Por outro lado, talvez o artista queria expressar o seu ponto de vista geopolítico, não sabemos...
Estou de tal modo compenetrado em fotografar o mapa que dou por mim sozinho no corredor. Os outros participantes já estão na segunda sessão da manhã, exercitando os seus egos, blazers e gadjets tecnológicos em discursos "verdes" de powerpoint.
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