Abandonada aos rigores do tempo, escondida da azáfama de outrora, a estação de comboio Wildpark saúda os inexistentes visitantes com um misto de paz e inquietação. A paz é conferida pela eterna ferrugem com os seus tons quentes e a inquietação é resultante dos modernos comboios que por ela passam, a toda a velocidade, abanando o ar sem olhar para trás.
Quero entrar dentro dos vagões, explorar o edifício mas acabo por não o fazer. Faz mais sentido deixar a estação assim, impenetrável no seu silêncio e vulnerável na sua estrutura. Tal não me impede porém de vaguear pela sua extensa linha, colecionando imaterialmente na minha câmara fragmentos de actividade ferroviária passada. Pequenos papeis com detalhes da última carga transportada, caixas de alta tensão inofensivas e a ferrugem a omnipresente ferrugem que me vai acompanhar até chegar a casa; nos olhos, na lente, na roupa...
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