Teotihuacan, sábado, turistas a perder de vista povoam o que resta da maior cidade pré-Colombiana da América do Sul. Conversam, comentam e escutam vagamente os guias enquanto se deliciam com a venda do souvenir patético que, de certo modo, está em pleno contraste com a magnificência do local. Com metralhadoras de mão carregadas de megapixeis e miras ópticas vão fotografando o palácio do Jaguares em ritmo acelerado.
Ao virar de uma das esquinas da pirâmide do sol, quase sem se fazer notar descansa uma senhora idosa rodeada de lembranças que ninguém quer ou que já toda a gente tem. Não se move, não olha quem passa e não apregoa o que tem para vender. A sua idade deve ser incalculável e só mesmo as pirâmides a devem saber. O seu cabelo é branco-neve, o seu olhar o mais frio que já experimentei. Um olhar de quem já viu tudo, de quem sabe tudo e a que já nada surpreende.
Dou por mim a ser observado a cada passo, a sua face cresce à medida que me aproximo para tirar uma fotografia. Noto que tem nas mãos um pequeno porta moedas onde provavelmente guarda o ordenado do dia-a-dia. Tiro a fotografia, recolho a máquina fotográfica, ajoelho-me e coloco 200 pesos num copo de tequila que compõe o seu santuário de bugigangas. A sua expressão permanece inalterável. Um dos colegas de viagem chama por mim, despeço-me com um hasta siempre mas não obtenho resposta, apenas um sorriso.
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