No próximo dia dois de Junho o velhinho aeroporto de Tegel irá ver pela última vez um avião levantar voo da sua pista de 50 anos. O aeroporto será substituído pelo moderno aeroporto Berlin Brandenburgo que será a nova porta de entrada da capital Germânica.
Em termos arquitectónicos o aeroporto de Tegel é um exemplar raro do conceito "drive to your gate", em voga nos anos 60. O conceito era simples: os passageiros devem demorar o menor tempo possível entre a porta de entrada do aeroporto e a porta de embarque. Assim sendo o aeroporto de Tegel tem quase tantas portas de entrada como portas de embarque. Se formos para o aeroporto de taxi este pode "quase" estacionar no local onde vamos fazer o check in. Na verdade, da porta de entrada do aeroporto à porta de embarque não devem ser mais que 200 metros em linha recta.
O aeroporto rapidamente ficou ultrapassado em termos funcionais. Primeiro devido à crescente ameaça terrorista a partir da década de 70, que implicava a existência de uma maior distância entre a entrada do aeroporto e o terminal de modo a operar um controlo mais apertado de passageiros; E segundo devido ao facto de os aeroportos se terem tornado autênticos centros comerciais onde os passageiros são "forçados" a caminhar por corredores sem fim ladeados de lojas cheias de objectos cintilantes e inúteis. Para tudo isto é necessário espaço, coisa que Tegel não tem devido ao seu conceito minimalista "drive to your gate".
A estocada final para Tegel veio com o aumento de tráfego aéreo após a reunificação da Alemanha. O governo decidiu pois transformar o decrépito aeroporto deSchoenefeld no mais moderno aeroporto Europeu - assim diz a publicidade - para acomodar a crescente demanda. Berlin terá assim um grande e moderno aeroporto central em vez de três pequenos aeroportos, reminiscência da divisão aliada do pós-guerra. Tegel será abandonado e com ele morrerá aquela que é a meu ver a única filosofia aceitável para um aeroporto, não perder tempo.
No dia 2 Junho a Alemanha vai brindar ao novo aeroporto e à arquitectura do devagar. Contribuindo para o perpetuar do mais curioso paradoxo dos meios de locomoção: O meio de transporte mais rápido é quele no qual se demora mais tempo a entrar.
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