Que alívio!
15 minutos Avenida abaixo, corto à esquerda pela Marginal que se ergue orgulhosa sobre as margens abruptas do Corgo esculpidas a cinzel de erosão e adornadas com ilhas de fragas em mar de musgo verde. O Sinaleiro já está lá ao fundo, bebendo à saúde de fantasmas de estimação na forma de carros de corrida que na sua temida curva direita perderam o controlo da vida. A ponte continua a impor equilíbrio à cidade com margens de dupla personalidade repletas de casinhas brancas imitando soldados de chumbo desalinhados sempre prontos para intrevir de imediato em qualquer guerra estática ao longo da trincheira fluvial.
Passo rápido ao lado do sintético da Estação repleto de Messis falsos e Ronaldos de faz de conta levantando areia com pontapés de ilusão à velocidade dos sonhos. Ao fundo, a Estação continua de luto pelas linhas arrancadas sem anestesia e comboios assassinados em nome do senhor progresso. Um senhor que ao que parece tem vindo a ser castigado pela rocha milenar do Marão e bancários imberbes de fato engomado pela mãe. Agora sim, biblioteca à vista. Os passos são agora leves devido à inclinação subtil do terreno. A porta abre, o cheiro de livros empilhados aquece o espírio. Hoje abro o arquivo do jornal “Vilarealense” ano de 1937 e leio sobre a festa dos pucarinhos. Festa quase esquecida, tal e qual como tantas outras coisas que damos como certas.
3 comentários:
Ao ler "Transparência" senti-me em casa, as descrições são tão realisticas :).
Obrigada por este momento
Daniela
Luís delicioso!!!
Por 1 minuto vivi anos de vida e cruzei-me por simbolos de Vila Real...
Abraço! Vitor Bruno Peixoto
Que saudades Luigi :)
Beijinhos
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