25 de março de 2010

Onda curta...

Onda curta. Esse programa de culto dedicado à arte da curta-metragem, revela que ainda existe televisão em Portugal que vale a pena ver. Relembra também, de forma irónica, uma realidade que insistentemente empurramos para o nosso inconsciente.



Relembro com saudade as noites de Domingo "agarrado" à televisão esperando pelo mágico genérico que na altura estranhava mas que com o tempo se foi tornando familiar. Esperava ansiosamente pelo acelerado mundo a preto e branco de Buster Keaton, os hipnóticos sincronismos visuais e musicais de Norman Mclaren e a comédia corrosiva de Bil Plympton (só par citar alguns). Em paralelo ia conhecendo filmes Portugueses de grande qualidade que de algum modo escapavam aos normais mercados de distribuição. A inocência de "Respirar debaixo de água" ou a recente exuberância de "Café" são exemplos de magníficas obras cujo o reconhecimento tarda e por vezes não chega.

Podia falar horas a fio deste programa que marcou a minha adolescência, no entanto, quero aqui apenas reflectir sobre um aspecto. A segunda palavra do nome que baptiza o programa. Curta.

Curto tem sido o tempo para escrever neste blog e curtos parecem os dias apesar da inequívoca evidencia do seu sazonal crescimento. Curto está o prazo para entregar o meu segundo artigo, o concerto de Sábado, a meia-maratona de Domingo a ópera de Abril.
Depois aparece a intemporal evidência... Por mais longa que seja a realidade esta será sempre curta demais para que faça sentido. Assim sendo, a vida não deve ser um filme de duas ou três horas mas sim uma sequência de curtas metragens. Caóticas, por vezes sem um fim compreensível é certo, mas onde o ensinamento final é sempre maior que a soma das partes.
E assim proponho que se viva, em curta metragem. Num mundo onde existirá sempre cinco curtos minutos para "curtir" aquilo que realmente gostamos.

Abraços

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