Um isolamento

Por cá a época natalícia já vai dando ares de presença.

Ao fotografar esta "Weihnachtssterne", que gentilmente balançava ao sabor de uma brisa nocturna e fria, dei por mim a pensar ou re-pensar sobre a volatilidade da existência humana.
Imaginei-a como a figura de um frasco aberto cheio de CH3CH2O que exposto à temperatura ambiente vai perdendo lentamente o seu conteúdo.

O mesmo se passa com a nossa existência, pode ser mais ou menos produtiva, mais ou menos desperdiçada, mais ou menos quase tudo e mais ou menos quase nada. Se a vida que nos resta for equiparada à quantidade de CH3CH2O no hipotético frasco que estou proibido de fechar e visto que não existem sistemas terrenos isolados, então, é lógico deduzir que estamos condenados a "evaporar".
Se é verdade consumada que a perda é inevitável pelo julgamento das leias da física, também é verdade que a taxa à qual esta perda se dá pode ser alterada no sentido de ser reduzida ou acelerada. Podemos partir o frasco e evaporar rapidamente o seu conteúdo ou alterar a temperatura ambiente de modo a tornar a evaporação mais lenta.
Debaixo desta estrela não sei se será possível baixar ainda mais a temperatura ambiente e partir o frasco nunca me pareceu uma opção, digamos, apetecível de se experimentar. Resta-me apenas tentar o que não existe, enfiar-me num sistema isolado. Por incrível que pareça encontrei um que, não sendo isolado aproxima-se bastante da abstinência de trocas de energia e massa características.
Se não escrever mais neste blog deixarei de trocar a minha "energia" binária com vocês. Como não me conseguem ver nem sabem a minha morada estarei também isolado de trocas de massa tipo cartas, apertos de mão etc...
Porquê este isolamento voluntário e no fundo falacioso? Não sei explicar... Mas voltarei para contar o que descobri desta experiência...

Já agora... quem disse:

I've ran out of anesthetics
I'm becoming so pathetic

Assim mesmo, sem ajuda, só o isolamento das palavras...