De modo despercebido e barulhento a cidade vai mudando. Muda devagar para os que nela habitam e muda depressa para os que a visitam. As novas construções sucedem-se a um ritmo pouco habitual para uma cidade plantada no meio de uma Europa desenvolvida. As fachadas nas ruas maltratadas pelo tempo recebem novas caras, as estradas ganham piso para um novo século e ao longe, nessa paisagem agora alienígena, a sombra dos novos inglórios arranha-céus engolem as igrejas com cicatrizes bombistas. Cicatrizes outrora cheias de significado são agora remetidas a vazias recordações coloridas aprisionadas em LCDs de alta definição Nipónica. Esta é a nova Berlin, uma Berlin que não existe materialmente e de significado puramente simbólico. Desde cedo evitei viver no Berlin de hoje, um universo de artistas e intelectuais carentes, doutores personificados e classe média sustentada a narcóticos machiattos domingueiros, 2.20€ a dose. Nesta Berlin que caminha a passos largos para se tornar em... mais uma capital, deparei um algo de inesperado. A estação Unter den Linden (debaixo das tílias), outrora pertencente ao clube das estação dos "espíritos" ou "fantasmas" viu o seu nome atirado às entranhas da História e substituída por outro nome, Brandenburger Tor.

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