8 de fevereiro de 2010

Um estranho nome...

No instituto onde trabalho todas as portas têm no mínimo dois nomes num pequeno expositor do lado direito e a minha não é excepção. O desfile de nomes é constante todas as manhãs. Sei de cor a sequência, conheço as vozes por de trás das letras, as caras para lá dos nomes, a pessoa para lá do título. Desconheço apenas o último nome da última porta do lado esquerdo. Não por não saber o seu significado ou a pessoa que o identifica, apenas o desconheço no contexto onde o nome está inserido.

(Verbier 2009)

Ter um nome na porta é prático. Prático porque te permite dizer, "vamos até ao meu escritório", sem que este seja mesmo teu. Prático porque qualquer desconhecido que entra no escritório te chama imediatamente pelo nome e prático porque identifica um local onde és o soberano do espaço.

No meio de tantos soberanos do espaço encontro gente brilhante, criativa e especial à sua maneira. Encontro homens, mulheres, amantes do desporto, das artes gráficas e da música. Encontro masculino, feminino, cinco nacionalidades e um só tecto. Tanta variedade e tanto caos que se torna difícil perceber como pode aqui um nome parecer estranho.

Mas a verdade é que existe uma inquietação ao percorrer o corredor todos os dias e observar os meus colegas e os seus nomes. Seja qual for a idade todos parecem focados, sem que nada os perturbe, concentrados com algo (não necessariamente trabalho). Todos parecem contentes com os seus afazeres, por vezes em abstracção tão completa com a realidade (muitos chamam a isto ciência) que me é difícil perceber o significado de tal empreendimento. Daí o motivo porque o doutoramento se arrasta?

Talvez eu não seja inteligente ao ponto de perceber como extrair felicidade de algo que, ironia das ironias, inevitavelmente nunca vai estar correcto. A ciência nunca foi estática nas suas formulações, sempre criou disputáveis teorias e abre sempre a porta a novas ideias. Pena é que ainda não tenha visto uma dessas portas, apenas esta, onde eu entro todos os dias e cujo o nome parece não lhe pertencer.

1 comentário:

sofia disse...

como eu te compreendo! tambem ando a procura da porta, neste caso de saida e que nao e aquela com o meu nome!

Trans - Siberiano