17 de junho de 2008

O Luís, os "diferentes" e as crianças...

Vincent Van Gogh (1853-1890)

Se há coisa que não falta na cidade onde moro são crianças. Apesar de todo o País estar a envelhecer, um pouco à semelhança de todo o Mundo Ocidental, a verdade é que Potsdam e todo o estado de Brandenburgo continuam a contar com uma considerável taxa de nascimentos. A meu ver, esta situação é ainda o reflexo da política socialista que vigorou nesta região durante décadas. As facilidades oferecidas aos pais na altura, como por exemplo infantários gratuitos ou falta de pressão em fazer carreira profissional, permitiam uma liberdade pós parto difícil de obter hoje em dia mas que de algum modo ainda prevalece enraizado na cultura da região.

Os tempos mudaram. Agora busca-se sucesso e carreira, busca-se estabilidade económica, algo que até aqui é difícil de obter. No entanto as crianças em Potsdam continuam a nascer, e é bom que assim seja, pois poucas coisas se comparam ao inocente riso de uma criança quando passa por nós na rua. O que me causa alguma confusão, é outra tendência tambêm bastante pronunciada nesta região. Confesso que não sei as causas desta tendência, política, histórica, mentalidade? Não sei...

Após passar mais de ano e meio nesta cidade, denoto que existe uma grande percentagem de pais solteiros e a criança está agora entregue a apenas um dos progenitores. A uma elevada taxa de nascimentos contrapõe-se uma elevada taxa de pais que se separam (Na maioria das vezes não chegam a casar, já que o casamento tal como o conhecemos em Portugal é coisa rara por estas bandas).

Não digo que esta situação é boa ou má, é apenas diferente daquilo a que estava habituado. Não digo que as crianças serão mais ou menos felizes, é apenas algo que difere da minha pré-concebida ideia de estrutura familiar. E eis que chegamos a um ponto interessante. Em várias conversas neste País, sou por vezes "acusado" de ter bastantes ideais pré-concebidase e que devo estar mais aberto às novas tendências sociais. Eu até concordo com o argumento, num Mundo "composto por mudança" não faz sentido ficar imutável.

No entanto, eu contraponho que as pré-concepções não são por definição más se forem portadoras de valores de solidariedade e afecto, como penso ser o caso da família. Proclamar que as pré-concepções são más é ser tão ou mais intolerante para os pensam de modo distinto.

E assim vou descobrindo os modos de pensar de alguns habitantes desta cidade, onde ás vezes a ânsia de serem "diferentes" os leva a cair no erro da não aceitação de alguém que pensa também de modo "diferente". Na verdade, nunca conheci duas pessoas que pensem de modo igual, a diferença é intrínseca à natureza humana, por isso não compreendo as pessoas que buscam serem "diferentes" quando a diferença já lá está.

Também todas as crianças que nascem em Potsdam, no seio de uma família dita convencional ou não, serão diferentes, para melhor ou pior só o futuro o dirá...

Abraços

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