22 de abril de 2014

Política em cartazes: A Europa segundo Potsdam

Os partidos Germânicos movimentam-se em actividade publicitária. Uma vez mais as ruas de Potsdam tornam-se locais privilegiados para clichés, incoerências, originalidade e provocações.  Já o disse anteriormente neste espaço e repito. A campanha eleitoral  feita em Portugal, no que a cartazes diz respeito, oscila entre dois pólos - o ridículo e o monótono. O segundo mais perigoso que o primeiro. Enquanto o pólo do ridículo reduz a mensagem ao anedótico, o pólo do monótono assassina à nascença qualquer hipótese de discussão. Se algum burocrata Europeu me escuta aqui fica uma sugestão. Obriguem a classe política de Portugal a fazer estágios na Alemanha de modo a aprender a fazer cartazes. Na mesma medida, obriguem os políticos Alemães a visitar a rede multibanco de Portugal de modo a aprenderem como se faz a coisa.

Dito isto, aqui fica uma colectânea dos melhores cartazes que povoam os recantos de Potsdam. Comuniquem se depararem com semelhantes demonstrações de originalidade em Portugal.


Começamos pelo MLPD. o partido Marxista Leninista da Alemanha. No seu cartaz figuram, para toda a gente ver, as duas figuras que lhe dão o nome. No cimo lê-se "Crítica ao capitalismo, a original". Pergunto se seria possível em Portugal a afixação de tal cartaz com estas duas figuras tão contraditórias da história.


Tempo agora para o partido euro-céptico Alemão, AfD. Traduzido à letra, Alternativa para a Alemanha. Se o cartaz do MLPD podia ser apelidado de sugestivo, o do AfD só pode ser apelidado de frontal. "Os Gregos sofrem, os Alemães pagam e os bancos facturam" em letras gordas. AfD tem como grande bandeira a saída da Alemanha da zona Euro e este cartaz sublinha esse desejo.


O SPD alinha pela simplicidade e pede neste cartaz que todos se desloquem ás urnas no dia 25 de Maio. Parece que a provocação é inversamente proporcional ao tamanho do partido.


Os Verdes, esse partido com o mesmo nome mas de tradição tão diferente que o que temos em Portugal, alinha com a sua arma de eleição, a protecção ambiental. Algo como "Mitigação sem fronteiras" pode ser lido no cartaz. Uma alusão à necessidade de cooperação supra-nacional no que diz respeito ao combater das alterações climáticas e uma conveniência no discurso político dos Verdes, sempre a favor de uma maior integração Europeia.


CDU, o partido cristão dito conservador, aposta num "Euro forte para o interesse de todos".  A foto não é inocente, representando neste caso a dependência inter-generacional entre jovens e idosos. 


Die Linke quase não muda a grafia dos cartazes que apresentou nas últimas eleições federais. Fundo branco e letras negras enumerando uma série de palavras de ordem. "Atenção!", "Garantir a liberdade, taxar os milionários, diminuir a pobreza sénior, criar emprego, reforçar a democracia."


O meu preferido fica para o fim. Um cartaz do partido Pirata com o seguinte slogan assistido por um estilizado muro de Berlim, "Fronteiras são tão anos 80". Penso que os Piratas captam bem a essência das eleições Europeias. Eleições que deviam ser sem fronteiras mas que em Portugal são usada, imagine-se o ridículo, como um medir de forças referente à política interna.

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