Durante a última semana o Mundo quase que se fechou numa meia surdez para a qual pouca razão médica subiste. Fui atormentado por uma dor de ouvidos que me acordava a meio da noite e que retirava muita da minha diminuta paciência em ouvir o que quer que seja. Ainda assim, percorri com a minha irmã as nebulosas ruas de Berlin do fim-de-semana passado e naveguei o solarento mar de brincar que circunda Potsdam, sempre envolto num refúgio de gotas de Otoceril e tufos de algodão azul a "enfeitar" os ouvidos.
Por causa desta peculiar condição reparei que tinha mais tempo para me ouvir a mim mesmo. As palavras vindas dos outros ganhavam uma dimensão secundária enquanto eu me ia tornando dono e senhor do silêncio que a mim mesmo impunha. Descobri que o Mundo sem som é menos confuso. Luz, tacto e cheiro parecem ser suficientes para ocupar o nosso cérebro. Quanto ao som, ao fim de três dias apresentava uma utilidade digna de paraquedas em terra.
Sem som, a torre coberta pelo nevoeiro de Berlin ganhou cheiros de humidade de metrópole a despertar e as ruas eram pavimentadas a declives leves num balanço de valsa. Em Potsdam os lagos tomaram cores de éden misturadas em tela de van Gogh e o vento um sopro de frescura purificante num verão que está a terminar.
Na ausência parcial de som acabei por encontrar gritos de outros sentidos, e, bem sei, sentidos que me provocarão gritos.
4 comentários:
Parabéns a você, nesta data querida! Muitas felicidades, muitos anos de vida!!!
Um grande beijinho :) saudades
As vezes tambem acordo a meio da noite com uam "dor" nos ouvidos! mas o pior e que esta dor e causada por um "som" que ouco sempre bem demais! Ah... que bela e a vida da maternidade! ;)
Isso, meu amigo, é um rolhão de cera que te está a perfurar o tímpano! Não te trates não....
Fazes anos? então Parabéns!
Aquele abraço do Eng. a sério!
Não faço anos Eng. a sério... mas obrigado. O rolhão de cera já bazou esta manhã :)
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