Não sei o seu nome, nem sei nada sobre a sua vida. Vi certo dia um pescador de camisola azul com um padrão em xadrez negro. Estava sentado com ar exausto enquanto habilmente preparava as redes para o dia seguinte (penso eu). Carregava também um olhar que inspirou este poema.
Meu caro amigoSabes que estou contigo
Enquanto durar o luar,
Esta noite é tua
Navegas até à lua
Para nunca mais regressar.
Gira a louca luz do farol
Esse teu único sol
Que teima em não morrer,
Lanças redes de sonhos
Fintas ventos medonhos
Para o teu filho poder comer.
O sol queima-te o rosto
Chamas de fogo posto
Lembrando antigos heróis,
As mãos salgadas e frias
Anseiam por melhores dias
Dilaceradas pelos anzóis.
Mas sei que guardas contigo
Um calmo porto de abrigo
Onde a tormenta não sabe entrar,
Tu és o dono do Mundo
Curioso vagabundo
Que dorme nas ondas do mar.
Eu sei que trazes ao frio
O olhar de um navio
Que à morte te vai conduzir,
E enquanto olhas o céu
Contemplas a vida que Deus te deu
Sem motivos para sorrir.
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