Não posso deixar de confessar que foi com muita surpresa que à uns dias atrás abri a página do Público (tal como habitualmente faço todas as manhãs) e deparei com os resultados das votações do concurso “Grandes Portugueses” promovido pela RTP.
Tenho de confessar que no rescaldo dos resultados está a triunfar um absoluto cinismo social, habilmente favorecido por uns, ingenuamente sustentado por outros. Multiplicam-se os que fazem questão em sublinhar o perfil autoritário de Salazar (e não deixa de ser insólito que, confronto de ideologias, a memória dramática da ditadura do Estado Novo sirva também para ocultar o imenso rol de repressões e os milhões de vítimas inerentes à história do comunismo). Mas não quero entrar em discussões sobre as votações, quero sim levantar a questão do papel da RTP em todo o processo.
Foi estranho acompanhar todo o concurso estando fora do país, mas se ouve coisa que me ficou na memória foi o de estamos em pleno combate de feras, típico do mais infantil concurso televisivo. O que conta, o que realmente decide tudo, é a possibilidade de esmagar os adversários. Achei de muito mau gosto por parte da RTP toda a mediatização do deprimente "circo" chamado Os Grandes Portugueses. Questiono aqui o estado geral de indiferença da opinião pública em relação aos poderes efectivos das televisões e, em particular, de continuar a discutir a responsabilidade social da RTP. A meu ver, este é um serviço público que, já que a RTP não cumpre, devemos ser nós a faze-lo.
Afinal de contas, somos ou não somos feitos de todos os eleitos? Será que o grande desafio não decorre da certeza de que há um Camões em nós? Um Pessoa em nós? Mas também um Salazar em nós?
Para acabar, será que podia escolher o meu pai como grande português?
Alguém, inteligente e moralista, responder-me-ia: "claro que sim"
Mas para quê?
Eu não quero… Já sei que ele o é…
Tenho de confessar que no rescaldo dos resultados está a triunfar um absoluto cinismo social, habilmente favorecido por uns, ingenuamente sustentado por outros. Multiplicam-se os que fazem questão em sublinhar o perfil autoritário de Salazar (e não deixa de ser insólito que, confronto de ideologias, a memória dramática da ditadura do Estado Novo sirva também para ocultar o imenso rol de repressões e os milhões de vítimas inerentes à história do comunismo). Mas não quero entrar em discussões sobre as votações, quero sim levantar a questão do papel da RTP em todo o processo.
Foi estranho acompanhar todo o concurso estando fora do país, mas se ouve coisa que me ficou na memória foi o de estamos em pleno combate de feras, típico do mais infantil concurso televisivo. O que conta, o que realmente decide tudo, é a possibilidade de esmagar os adversários. Achei de muito mau gosto por parte da RTP toda a mediatização do deprimente "circo" chamado Os Grandes Portugueses. Questiono aqui o estado geral de indiferença da opinião pública em relação aos poderes efectivos das televisões e, em particular, de continuar a discutir a responsabilidade social da RTP. A meu ver, este é um serviço público que, já que a RTP não cumpre, devemos ser nós a faze-lo.
Afinal de contas, somos ou não somos feitos de todos os eleitos? Será que o grande desafio não decorre da certeza de que há um Camões em nós? Um Pessoa em nós? Mas também um Salazar em nós?
Para acabar, será que podia escolher o meu pai como grande português?
Alguém, inteligente e moralista, responder-me-ia: "claro que sim"
Mas para quê?
Eu não quero… Já sei que ele o é…
1 comentário:
Olá Luis!
Quando um programa daqueles tem entre os 100 nomeados o Pinto da Costa e o Hélio Pestana (actor da serie Morangos com Açucar), fica logo a dúvida quanto á seriedade / credibilidade do programa....
Quanto ao "circo" dos defensores, infelizmente é o que dá audiência...
Foi bonito quereres nomear o teu Pai...
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