Continuo a percorrer algumas das mais marcantes memórias da minha vida. Hoje é dia 21 de Março, se fosse vivo faria hoje 47 anos, se fosse vivo teria muitas histórias para contar, se fosse vivo chamar-se-ia Ayrton Senna da Silva.
Recordo-me perfeitamente desse solarengo domingo dia 1 de Maio de 1994. Estava sentado no sofá da sala a ver um homem de capacete amarelo brilhante num carro azul e branco a andar muito depressa na televisão. Sabia o seu nome, sabia que o meu pai não gostava dele pois sempre fora um fã de Alain Prost (o grande rival de Senna apelidado de “o professor”), sabia que ele ganhava muitas vezes e por isso eu gostava dele. Lembro-me de ver um helicóptero, lembro-me de ver o meu pai calado sem dizer uma palavra, lembro-me de ver um capacete amarelo sem brilho a ser levado para longe. Recordo-me de perguntar ao meu pai se o senhor ia ficar bem, claro que ele disse logo que sim. Lembro-me que nunca mais vi um capacete amarelo num carro azul e branco a correr, lembro-me que o meu pai deixou de ver um desporto que tanto gostava, lembro-me de um funeral na televisão, lembro-me de ver 157 milhões de pessoas a chorar, não por um piloto, mas sim por uma lenda… Imparável na chuva e dono de uma capacidade mental acima do vulgar Senna só não foi mais rápido porque o destino assim não quis. Muitos são os pilotos que ganharam títulos mas poucos de podem gabar de serem venerados após a sua morte, o desporto automóvel mudou no dia 1 de Maio de 1994, mudaram as regras e a segurança, mudaram as equipas e os pilotos, mudaram mentalidades e interesses, mudaram circuitos, curvas e patrocínios. Num desporto que muda tanto de ano para ano é bom ter memórias que permanecem iguais, Senna foi, e ainda é, motivo de contemplação por parte de muitos fãs mesmo para aqueles que nunca tiveram a sorte de o ver na pista.
Após o seu acidente nunca mais consegui ver as imagens dos destroços do monolugar na escapatória, apenas quero recordar Senna pelo que ele fez dentro da pista, apenas o quero recordar como um dos maiores pilotos que alguma vez existiu.
Ayrton Senna
4 comentários:
Não poderia deixar de colocar um comentário a este post.
Para começar hoje são 21 de Fevereiro... mas á parte...
(São Paulo, 21 de Março de 1960 — Ímola, 1° de Maio de 1994) São estas a datas que delimitam a vida deste Homem.
A parte do H grande tem uma razão: Uma familiar da minha mãe que mora no Rio de Janeiro, foi em tempos vizinha de Ayrton, e disse-me um dia em Agosto de 1995, que tinha morrido a melhor pessoa que conhecia... Ao falar deste atleta é impossível separá-lo da parte humana. Não pode esquecer aquela imagem quando sai dum carro para ajudar um colega de profissão que se tinha acidentado... Vai ficar na minha memória para sempre.
Há coisas que não esquecem:
- Ganhou o seu primeiro grande prémio em 1985 no Estoril, num dia de tempestade... Curioso, era brasileiro, mas um Ás na chuva.
- O grande prémio que mais vezes ganhou: Mónaco (6).
- Foi um vencedor quando os carros ainda não faziam a diferença.
Pode parecer um pouco lamechas, mas naquele dia 1 de Maio de 1994, frequentava já eu o 11.º ano, não fui capaz de conter as lágrimas ao saber, a meio da tarde em casa dos meus avós, que visitei naquele dia, que "a lenda tinha adormecido"
Até a sua morte foi digna de lenda... Morreu mas nunca ninguém soube explicar bem como.
foi bom recordar tal desportista e ser humano. Não faltava a nenhum grande prémio no Autódromo do Estoril, a dicotomia Senna/Prost dividiu preferências, mas uniu os amantes do desporto motorizado (eu era senna), até que naquele 1º de Maio tudo mudou. Nunca mais acompanhei o "Circo"
esqueci postar o nome!
Abraços
Joaquim
Curiosamente, sempre gostei do Alain Prost mas tinha uma admiracao mt grande pelo Senna! Mas sem duvida uma grande pagina da historia do desporto motorizado foi escrita por este senhor da chuva... Abraxo
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