5 de maio de 2014

Titãs do ar em Gatow

Entre Potsdam e Berlim existe um local onde os titãs dos ares se encontram para dormir. No silêncio de uma tarde invernal de Maio, ecos distantes de motores a jacto são abafados por ventos polares. Na paisagem linear que nos envolve, a ferrugem e o tempo vão deixando as marcas de um envelhecer lento, em corpos construídos para a velocidade. Aqui e ali vislumbram-se cores de emblemas cujo significado se perdeu e bandeiras de países que já não existem. São grandes mas não são perigosos. Foram dissecados, drenados do sangue de querosene que os alimentou por décadas e operados aos tumores malignos com forma de projécteis. O mesmo animal que os criou é o responsável pela sua preservação neste estado de semi-morte. As carcaças servem agora para duas coisas: impressionar pequenos que correm pela pista abandonada imaginando-se pilotos de um reino imaginário e inofensivo; e sublinhar que só existe um lugar apropriado para um avião de combate, o chão.  

Os mais sortudos têm um lugar no quente do hangar, onde partilham o espaço com seus avós, amigos e inimigos de outros tempos. A técnica que os criou e a política que os alimentou têm também direito de antena, mas não impressionam tanto como os protagonistas principais. O frio quebra a vontade de ficar mais alguns minutos a contemplar a decadência estética dos hidráulicos, blindagem e rotores. O museu fecha. Está na hora de deixar os titãs retomarem o seu sono.


Um botão para parar com todos os problemas. Carreguei nele duas vezes.

Apontados ao vazio. 

 Um MiG 29G

Representação do aeroporto de Gatow nos anos 60.

 C130 (penso eu)

 F-104 Starfighter 

Mural.

Interior do hangar 4.

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