23 de fevereiro de 2014

Do svidaniya, Sochi!

Adeus, Sochi! Os jogos de inverno que muitos queriam ver perdidos à partida chegaram ao fim. Entre ameaças descabidas de boicote, gritos exacerbados sobre violação dos direitos humanos e uma obsessão descabida sobre os custos do evento, os Russos fizeram aquilo que melhor sabem - levar a ideia deles avante custe o que custar. O "ocidente" continua a cometer o erro de sempre, tentar medir a Rússia segundo os seus padrões morais e económicos. Nesta cegueira, ou melhor falando, nessa falta de abertura (!), o "ocidente" esquece que a Rússia não se mede ao voto, à jarda, ou ao Euro, a Rússia simplesmente não se deixa medir. A nação que libertou a Europa (quem sabe) dos dois maiores tiranos que pisaram o velho continente continua igual a si própria; orgulhosa, contrastante, única, imensurável. Pena que os jornalistas e demais comentadores não sejam obrigados a ter umas lições de história de modo a perceber a mentalidade e cultura de um povo tão distinto do nosso. Sim existem deficiências na lei, sim as minorias sofrem, sim a corrupção impera. Mas escutemos a história. Todos os males da Rússia teve fora resolvidos internamente, pelo próprio povo, e não por pressões externas de pseudo-bem-intensionados. A Rússia é auto-transformadora, para o bem e para o mal. Não foram precisos "moralistas" para libertar o povo Russo da tirania to Czar, o país produziu os seus próprios revolucionários. Não foram precisos "ocidentais" para resistir aos rigores da União Soviética, o regime caiu por assinatura do próprio líder. Na mesma medida que nenhum "ocidental" se parecia preocupar com o terror dos anos 90, quando o crime organizado ceifava vidas inocentes.

 

Mas vamos falar do que se passou hoje em Sochi, a sua fantástica festa de encerramento. Em cerca de duas horas os organizadores exploraram vários momentos da cultura Russa. Da música ao teatro, do circo à opera, passando pela nostalgia dos tempos Soviéticos. Na abertura, o mesmo hino encomendado por Estaline (!) foi cantado a uma só voz, assim, sem vestígio de vergonha (é interessante pensar se tal coisa seria possível hoje na antiga Alemanha de Leste). No palco os membros do ballet Bolshoi fizeram as delicias de todos. A encenação teve o seu ponto alto perto do final, quando uma das mascotes oficiais apaga a chama olímpica. A mascote usada era em tudo semelhante ao adorável Misha, a mascote dos jogos olímpicos de verão de 1980. Uma imagem que faz parte da infância de muitos Russos. Muito curioso foi o facto de no final a mascote verter uma lágrima. Pena do final do jogos em Sochi? ou algo mais intrínseco? No rescaldo dos jogos olímpicos de Inverno mais politizados de sempre ainda muito será escrito. Mas algo é agora certo. Nada do pior que se temia acabou por acontecer. O espírito desportivo foi o mesmo que nas anteriores edições, os milhões de dólares que desvirtuam as capacidades desportivas dos países continuam a marcar presença, os casos de doping também. As medalhas valem o que valem e nada existe a dizer sobre esta matéria. O que mais gostei nos jogos foi ver sorrisos num povo que passou e ainda passa por tantas dificuldades, orgulhoso com tudo o que foi conseguido, orgulhoso acima de tudo com o seu país.



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