12 de março de 2008

Ornada de tantas galas...

Muito se escreve sobre o apelo da nossa terra... Escrevemos, sentimos, choramos algumas vezes e rimos outras tantas... Gostamos de coisas que não entendemos, um determinado pôr-do-sol, um determinado horizonte que só vislumbramos através da janela de nossa casa...

Hoje trago um texto que escrevi Setembro último, quando ia de autocarro a caminho de Vila Real após ter aterrado algumas horas antes no Porto...

Perdoai-lhes Senhor, eles não sabem o que perdem... Estas são as primeiras palavras que me ocorrem ao ver de novo os cumes do Marão a tocar o reino celeste. Não vislumbro indústria ou mecânica arte a não ser esta cicatriz de asfalto imposta à montanha milenar. Ao longe umas tímidas torres eólicas, triunfos da técnica? discordo... meros espectros alvos que tombarão por certo perante uma Mãe Natureza mais castigadora... Aqui do alto tudo parece minúsculo, as casas, os caminhos... a ignorância... Vamos entrar em Vila Real...

Enaltecem-se os pássaros em vôos desconcertantes, nadam num céu azul. Que estranho, o azul aqui é mais azul que o azul no Porto, ou em Lisboa, já para não falar de Berlim... Aqui o azul é mais que uma cor... é uma lágrima de conforto, um abraço maternal, um aperto de mão de um amigo... Aqui posso cantar hinos aos lameiros, pedir um "cibo" de pão, ouvir o cajado velhos. Aqui posso partir barro preto, inebriar-me com cheiro de urze, beber de fontes. Posso afogar o mosto bailando o Malhão, trepar montanhas em Trás-os-Montes...


Para os que moram nas cidades consumidas pela decadência à luz de neons grotescos, só posso dizer com pena... Perdoai-lhes Senhor, eles não sabem o que perdem...


Regresso para os teus braços dia 9 de Abril...

3 comentários:

Phobos disse...

Subscrevo na íntegra. de muito bom nível...e gosto. abraço

Anónimo disse...

Olá Luis,
como é bom regressar a casa mesmo quando achamos que já "não pertencemos" aquele espaço fisico, não é?
Beijinho e aproveita bem as merecidas férias.

Ramosforest.Environment disse...

Viva a Natureza e o natural.

Trans - Siberiano